quarta-feira, 8 de julho de 2009

Aleister Crowley




Edward Alexander Crowley

Aleister Crowley

Mais conhecido como Aleister Crowley (Warwickshire, Inglaterra, 12 de outubro de 1875 – Hastings, Inglaterra, 1 de dezembro de 1947), foi um homem fascinante que viveu uma incrível vida. Ele é mais conhecido como o ocultista infame que introduziu Thelema ao Mundo. Crowley foi uma membro influente em várias organizações ocultas, inclusive a Golden Dawn, a A.'.A.'. e Ordo Templi Orientis. Foi um prolífico escritor e poeta, um viajante, montanhista, mestre enxadrista, artista, yogui, provocador social, usuário de drogas e libertino sexual.
Dono de uma personalidade controversa e de um invejável senso de autopromoção, o inglês Edward Alexander Crowley, mais conhecido como Aleister Crowley (" O Pior Homem da Terra ", segundo a imprensa inglesa) tornou-se uma figura de expressão no cenário ocultista e também fora dele.





Resumo biográfico

Nasceu Libriano com ascendente em Leão no dia 12 de Outubro de 1875 em Leamington Spa, Warwickshire numa família de extremistas cristãos (da Irmandade Plymouth). Crowley passou seu período infantil na repressão familiar que veio influenciar muito posteriormente (principalmente nas suas críticas a filosofia cristista). Ali obteve um grande conhecimento da Bíblia.
Ingressou em Trinity College em Cambridge durante o mês de Outubro de 1895. Era conhecido por sua inteligência destacada sua habilidade em escrever e pela sua paixão ao alpinismo (impossível não fazer uma relação com sua " escalada às regiões mais remotas da consciência" ).
Nesta atividade conheceu Oscar Eckenstein, homem por que nutria imenso respeito e admiração que, posteriormente, veio a instrui-lo nas " artes ocultas ".
Como vários iniciados sentiu-se atraído pelo assunto e seus primeiros contatos foram feitos por livros, principalmente os de alquimia e magia. Escreve à Arthur Waite sobre seu livro " O Livro das Magias Negras e dos Pactos", que recomendou que lesse "A Nuvem sobre o Santuário".
Durante uma expedição de alpinismo, em 1898 , encontrou o farmacêutico Julian L. Baker que o apresentou um colega de profissão, George Cecil Jones, que por sua vez o introduziu na ordem mística conhecida por Hermetic Order of Golden Dawn ("Ordem Hermética da Aurora Dourada").
Nesta Ordem, que marcou profundamente a cultura mágica mundial, Crowley obteve rápida ascensão adotando o nome mágico de Perdurabo ("Perdurarei até o Fim"). Teve como instrutores George C. Jones, Frater Volo Noscere e Allan Benneth, Frater Iehi Aour sendo para Crowley um guru, desenvolvendo também uma grande amizade por um dos fundadores, Samuel Liddell MacGregor Mathers, Frater D.D.C.F. (Deo Duce Comite Ferro).
Em 1900 viajou ao México, realizando vária práticas mágicas, invocações etc, até se reencontar com seu antigo instrutor Oscar Eckenstein, que o ensinou a controlar sua mente que considerava (e era) muito dispersa. Nesse período tentou realizar a Operação da Magia Sagrada de Abramelin o Mago sem sucesso, pois a interrompe para ajudar seu amigo e mestre durante a fragmentação da Golden Dawn, Samuel Liddell Mac Gregor Mathers. Neste período, compra uma casa na Escócia, conhecida por Casa de Boleskine (posteriormente comprada por Jimmy Page) e ganha o grau 33 da Maçonaria.
Em 1901 continuou viajando pelo mundo: São Francisco, Honolulu, Japão, China e Ceilão, onde encontrou seu antigo instrutor e companheiro de apartamento, Allan Benneth, que o introduziu às práticas de Ioga (Asana, Parnayama). Sob influência da óptica hindu e das instruções de Eckenstein, Crowley começa a entrar em um período de cepticismo em relação á magia fugindo do romantismo europeu.
Sociedade Alternativa
Em 1904, aos 28 anos, Crowley atinge o ápice de sua carreira mágica. Casando-se com Rose Edith Kelly, apenas 24h depois de se conhecerem, vai ao Cairo passar sua lua-de-mel.
Durante a estadia, Rose passa a ter contato espontâneo com uma entidade (Thoth) que diz querer contatar seu marido: " Eles estão esperando você ". Ela então recebe um ritual de invocação a divindade egípcia conhecida como Hórus, o deus da guerra, com cabeça de falcão.
Crowley então performou o ritual e nos dias 8, 9 e 10 de Abril, sempre do meio-dia á uma da tarde, numa sala, obteve a recepção, de uma entidade autodenominada Aiwass, de um documento chamado o Livro da Lei. Este livro conteve uma mensagem sobre o início de uma nova era, denominada Æon de Hórus, na era de Aquário-Leão e de uma nova lei para a humanidade, chamada Thelema ( ou no português, Télema ). A mensagem era recheada de frases ininteligíveis, porém destacava-se uma prioridade á liberdade do homem, e a busca do caminho pessoal de cada um, sob uma óptica beligerante em várias frases.
Visitando o Museu de Boulaq Crowley e Rose passaram em frente a uma tábua funerária contendo a figura de Hórus, a Estela da Revelação. Nela estavam alguns elementos cntidos na mensagem que recebera. "Coincidentemente" (1) a peça estava sob a numeração 666.
De volta à Paris, mostra o livro à Mathers, conclamando o contato com os Chefes Secretos. Ambos se desentendem, e Mathers passa a atacar Crowley utilizando os demônios do Livro de Abramelin. Este respondeu com os demônios da Goetia.
Continuando seu período de cepticismo, Crowley deixa o Livro da Lei de lado e observa a definitiva desintegração da Golden Dawn em várias outras ordens.
Durante sua viagem à China, em 1905, Crowley realiza a Magia Sagrada de Abramelin mentalmente, e atinge o objetivo central de todo o iniciado: o [Conhecimento e Conversação do Sagrado Anjo Guardião]], na esfera de Tiphareth.






Fraternidade da Estrela de Prata

Em 1906, junto com seu antigo instrutor na Golden Dawn, George Cecil Jones, Crowley decide montar uma nova ordem destinada à evolução espiritual humana. Eles a batizam de Fraternitatis Astrum Argentum.
A ordem seria composta de três níveis: a G.D., R.·.C.·. e S.·.S.·. (ou Silver Star ou Collegium Summum), todos baseados no glifo hebraico Árvore da Vida.
A A.·. A.·., é uma ordem de caráter puramente espiritual, que sempre existiu na história humana sob vários nomes e faces. Crowley re-estruturalizou as ordens inferiores de acordo com os princípios do Novo Æon e da Lei de Thelema. Na verdade, a A.·. A.·. existe apenas no plano espiritual, acima do Abismo, o nível conhecido como S.·.S.·. . Costumamos chamar de A.·. A.·. também todos os níveis inferiores thelemizados.
Crowley e Jones chegam ao grau de 8º = 3º durante a criação da Ordem. A partir de 1907, passa a escrever uma série de livros inspirados, durando até 1911.
Em 1909, inicia junto com Victor Neuburg, num ato de magia sexual e enoquiana, Liber 418, A Visão e a Voz.
Em 1911 devido a publicidade que Crowley fazia de si mesmo e da publicação de materiais no orgão divulgador oficial da A.·. A.·. , The Equinox, a ordem passou a ser atacada pelos jornais, descrita como satânica, pervertida... as coisas de sempre. Isso culminou num processo de G.C.Jones contra o tablóide The Looking Glass, que insinuava uma possível relação homossexual sua com Crowley (assumidamente bissexual na Inglaterra vitoriana, um escândalo). A audiência foi tendenciosa, principalmente quando uma das testemunhas de defesa do jornal era nada mais nada menos do que S.L.Mathers, ex instrutor e amigo de Crowley. Querendo vingança contar Crowley sobre o desentendimento de ambos, Mathers ajudou a quebrar a relação de Jones com ele.
No final, Jones e outro membro de alto grau da Ordem, J.F.C. Fuller, romperam com Crowley. Ao invés de enfraquecer a A.·. A.·. , o evento a promoveu, garantindo a sua existência até hoje, mesmo que sob uma nova forma.
Crowley sempre foi uma figura polêmica: expunha sua condição sexual sem temor, possuía uma necessidade de auto divulgação muito grande e não hesitava em participar de escândalos, que não foram poucos em sua vida. Um homem de excessos, porém direcionados.
No ano de 1912 foi convidado por Teodore Reuss, Grão Mestre da ordo templi orientis (Ordo Templi Orientis) a se afiliar a ordem, depois de ler uma publicação de Crowley (O Livro das Mentiras), onde ele revelara o segredo principal da ordem, o da magia sexual do grau IX.
Após a morte de Reuss (1925), Crowley assume por si só a liderança do ramo britânico da ordem. Sob esta fraternidade, o material de Crowley passa a ser divulgado e conhecido.

Deus est Homo

Indo morar nos E.U.A. durante a Primeira Guerra Mundial, passa a trabalhar com seu futuro filho mágico, Frater Achad (Charles R. John Stansfeld Jones ) e publica o Volume III do The Equinox. Lá atinge a sephirah de Chokmah, assumindo o grau de Magus, no ano de 1915, sob o motto TO MEGA THERION, A Grande Besta ( ou apenas 666 ).

ThelemaTermos & ConceitosLivro da LeiNúmeros em ThelemaAleister Crowley
Nuit Hadit HorusBabalon ChaosAiwass Ankh-af-na-khonsu
93AbrahadabraAeonsAgapeÂnsia de ResultadoAUMGNDizendo VontadeChefes SecretosChoronzonCidade das PirâmidesCorpo de LuzEstela da RevelaçãoGrande ObraMagickNoite de PanSagrado Anjo GuardiãoSagrados Livros de ThelemaVerdadeira Vontade
Na Cecília Itália, em 1920, no dia 2 de Abril, funda a Abadia de Thelema, uma tentativa de montar uma sociedade alternativa com bases thelêmica. Dura somente três anos, sendo expulso por Mussolini Lá chega ao último grau da A.·. A.·. , Ipissíssimus. Em companhia de sua Mulher Escaralate, o Macaco de Thoth, Leah Hirsig , atravessa um porta na abadia que possuía a inscrição DO WHAT THOU WILT ( FAZE O QUE TU QUERES ). Não sabe-se o que houve dentro do templo que a porta levava e Crowley sai nu como entrou, agora, como descreveu poeticamente John Symonds ," além dos deuses, além de todas as concepções mentais (...) não mais um santo - São Aleister Crowley da Igreja Gnóstica - mas um deus " . Antes, submete-se a total obediência a sua mulher, como ordália pertinente ao caminho do Louco (de Chokmah a Kether). Jura não divulgar o fato da assunção do grau, que ficou conhecido apenas após sua morte durante a leitura de seus diários.
Conhece Karl Germer em 1925 e passa a orienta-lo em Magick.
Em 1930 encontra com o poeta português Fernando Pessoa, que corrigira seu mapa astral. Pessoa, também interessado pelos assuntos do oculto, ajuda numa simulação do suicídio de Crowley. Traduz algumas poesias da Besta.
Financeiramente, a década de trinta proporcionou algumas atribulações à Crowley: perde o proceso que estava movendo contra Nina Hamnett e Constance & Co e vai à falência em 1935. Segue publicando obras, como o Equinócio dos Deuses, Oito Lições de Yoga e seus Confessions.
A década seguinte seria sua última neste plano.
Levantou-se contra Hitler. Aqui seguem-se algumas informações curiosas: foi contatado por um amigo, agente da Coroa chamado Ian Fleming, o criador de James Bod, o 007, para ajudandar no interrogatório de Rudolf Hess e fornecer a Winston Churchill informações sobre o pensamento supertisioso/místico do inimigo. Dessa participação saiu o conhecido sinal do "V" da vitória, na verdade uma representação do símbolo da divindade Apophis-Typhon, um deus de destruição e aniquilação capaz Frieda Harrisde fazer frente a as energias solares da suástica. Desenvolve o Livro de Thoth com , que comporiam as imagens do Æon na forma do tarô. Foi publicado postumamente. Seu último e grande trabalho foi Magick without Tears, uma série de cartas trocadas com uma discípula iniciante. De caráter altamente didático, foi publicado por Karl Germer.
Em 1º de Dezembro de 1947, Aleister Crowley morre em 'Netherwood', Hastings, de parada cardíaca.
No dia 5, seu corpo é cremado em Brighton.
"Um Tipo de Magia"
A herança de Aleister Crowley estende-se até hoje, forte e arrebatadora. A complexidade de seu trabalho só encontra par na coerência do pensamento desenvolvido ao longo dos anos. É impossível estudar magia sem conhecer a obra da Besta. A mais severa crítica não resiste a um estudo aprofundado de sua obra. Críticas essas que recaem apenas sobre sua vida pessoal , conturbada e cheia de erros, ás vezes de caráter humano.
Socialmente, Crowley ficou mais conhecido no mundo da música, mais especificamente no Rock`n`Roll dos anos 70: Led Zeppelin, Rolling Stones, Beatles, Black Sabbath, Ozzy Osbourne Iron Maiden.
No Brasil, Marcelo Ramos Motta foi sem dúvida o maior divulgador da obra de Crowley. Trouxe a A.·. A.·. e a O. T. O. para o nosso país, publicou várias traduções, várias obras pessoais e manteve até no exterior, vivo o legado da Besta.
Impossível não falar de Raul Seixas um devoto da obra de Crowley, junto com Paulo Coelho que posteriormente abandonou o caminho thelêmico. Ambos estiveram sob instrução de Frater Aster.
Atualmente, com o advento da internet, a cultura thelêmica disseminou-se mais rapidamente angariando mais interessados a cada dia. São inúmeras as ordens hoje que trabalham com o sistema de Magick em todo o mundo, principalmente baseados na estrutura da extinta O. T. O. , refeita por Crowley.
O primeiro motto de Aleister Crowley, Perdurabo(2), funcionou mais do que o esperado: perdurou além do fim.
Alguns dos Nomes e Mottos usados por Crowley
Conde Vladimir Svareff
Master Therion
Príncipe Chioa Khan
Frater Perdurabo
Aleister Mac Gregor
Lorde Boleskini
Frases de Crowley
“Cada carta é, em determinado sentido, um ser vivo, e suas relações com as vizinhas são o que poderia-se chamar de diplomáticas. Ao estudante cabe a tarefa de incorporar estas pedras vivas a seu templo vivente.” - O Livro de Toth
“A Magia é a Arte ou a Ciência de causar mudanças em conformidade com a Vontade” - Magick
“ Há de se considerar a popularidade pueril do cinema, o rádio e os prognósticos esportivos; as competências da adivinhação e todas as invenções; úteis apenas para satisfazer aos caprichos de algumas crianças mal-criadas que carecem de vontade, de sentido e de propósito.” - O Livro da Lei
“Invoca-me sob as estrelas! O Amor é a Lei, o Amor antes do querer. Que nem os tontos equivoquem o Amor, porque há amor e Amor, existem a pomba e a serpente. Escolha Bem!...” - O Livro da Lei
“A Lei é feita da tua vontade. A Lei é a do Amor, o amor sob tua vontade, não há mais a Lei; faça a tua Vontade” -O Livro da Lei
“...A caligrafia do Livro deve ser firme, clara e bela. Na fumaça do incenso é difícil ler os conjuros. E enquanto tenta ler as palavras por entre a fumaça, ele desaparecerá, e terás de escrever aquela terrível palavra: Fracasso.
Mas não existe nem uma só folha do livro na qual não apareça esta palavra; mas enquanto é seguida por uma nova afirmação, ainda nem tudo está perdido, já que desta maneira no Livro a palavra Fracasso perde toda a sua importância, da mesma maneira que a palavra Êxito não deve ser empregada jamais, porque esta é a última palavra que deve-se escrever no livro, e é seguida por um ponto.
Este ponto não se deve escrever em nenhum outro lugar do Livro; porque o escrever neste Livro segue eternamente; não há forma de encerrar este diário até que haja alcançado a meta. Que cada página deste Livro esteja repleta de música, porque é um Livro de Encantamentos!” - Magic(K)
Notas
(1) - modernas investigações apontam algumas "armações" por parte de Crowley para justificar seu sistema: a Estela da Revelação que disse estar catalogada com o número 666, na verdade não estava assim classificada. Ele pediu para um funcionário do museu mudar a numeração temporariamente para poder tirar uma foto! Além disso, nessa época o material já havia sido transferido de Boulaq.
(2) - De Mateus 10:22 : "E odiados por todos sereis por causa do meu nome: mas aquele que perseverar até o fim será salvo

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Maçonaria

A Maçonaria é uma organização fraternal que tem como princípio básico o amor fraterno, à prática da caridade e a busca da Verdade. Existe um velho ditado que diz: "A Maçonaria escolhe homens de bem e faz deles ainda melhores".
Albert Pike, em sua opulenta obra "Moral e Dogma" diz:
"MAÇONARIA é uma sucessão de alegorias, um mero veículo de grandes lições de moralidade e filosofia. Será melhor apreciado seu espírito, seu objetvo, propósito conforme você avança pelo Graus, que você decobrirá que constitui um grande e harmonioso sistema."





O que é a Maçonaria?

A Maçonaria é uma associação Universal de homens livres e de bons costumes cultivando entre si os princípios da Liberdade, Igualdade e fraternidade. Devido a grande exposição de sua história e até mesmo de alguns ritos pela mídia de massa, muitos maçons declararam que no século XXI a Maçonaria se torne menos uma sociedade secreta e mais uma "sociedade com segredos" do site da Grande Loja da Inglaterra taxada muitas vezes de ordem iniciática, filosófica, filantrópica e educativa. Os seus ritos são praticados em um local apropriado, tendo seus ensinamentos transmitidos apenas para membros devidamente iniciados.
É normal dizer-se que os homens são o produto do meio que freqüentam durante as suas vidas. A Maçonaria oferece a cada um dos seus membros a oportunidade de conviver regularmente com homens de bom caráter, o que reforça o seu próprio desenvolvimento pessoal e moral. A garantia dessa fraternal convivência é conseguida pela proibição de discussões político-partidárias ou religioso-sectárias, visto que esses assuntos têm dividido os homens ao longo da história. Os maçons, sem discutir as suas crenças pessoais nestes dois assuntos, incentivam os homens a serem religiosos sem particularizar uma religião e encoraja-os a serem ativos nas suas comunidades, também sem particularizar o meio de expressão política. Os maçons, também conhecidos como "pedreiros livres", não encontram na Maçonaria ensinamentos sobre a arte da construção, como o faziam os maçons operativos da Idade Média. Assim, as ferramentas comuns que eram usadas pelos canteiros medievais, como o maço, o cinzel, o nível, o prumo, o compasso e outros, têm cada uma um significado simbólico na Maçonaria. A Maçonaria distingue-se de outras ordens fraternais pela sua ênfase no caráter moral, no seu sistema de rituais e na sua longa tradição, com uma história que data aproximadamente do século XVII. Há três graus na Maçonaria, Aprendiz, Companheiro e Mestre. A maioria das lojas têm reuniões regulares e semanais e congregam-se em Potências Maçônicas, chamadas Grandes Lojas ou Grandes Orientes.

Sistema Maçônico

A Maçonaria utiliza o sistema de graus para transmitir os seus ensinamentos, cujo acesso é obtido por meio de uma Iniciação (Ritual de aceitação) a cada grau e os segredos são transmitidos através de gestos, palavras e símbolos.
O nome "Maçonaria" provém do françês maçonnerie ou do inglês masonry que significa "construção". Esta construção é feita pelo maçom em suas lojas (Lodges). Defende-se também que a palavra é mais antiga e tem origem na expressão copta Phree Messen, cujo significado é "filhos da luz".
Na Idade Média havia dois tipos de pedreiros; o rough mason (pedreiro bruto) que trabalhava com a pedra sem extrair-lhe forma ou polimento e o freemason (pedreiro livre) que detinha o segredo de polir a pedra bruta.
Reconhecem-se entre si por sinais, toques e palavras que mantêm restritos. Todavia, são conhecidos e publicados os segredos da interpretação dos símbolos. Os Maçons reunem-se em Loja e cada Loja Maçônica elege de entre os membros o seu Venerável Mestre.
A Maçonaria Simbólica compreende três graus;

Aprendiz
Companheiro
Mestre Maçom

Ritos

Os ritos ou procedimentos ritualísticos, são métodos utilizados para transmitir os ensinamentos e organizar as cerimónias maçônicas. Entre os principais destacam-se:

Rito Escocês Antigo e Aceito
Rito de York
Rito Schröeder
Rito Moderno
Rito Brasileiro
Rito Adonhiramita

No mundo existem mais de 200 ritos praticados actualmente, porém os mais utilizados são o de Rito de York e o Rito Escocês.
Outra classe de Ritos maçônicos menos comuns destacam-se pela abordagem mais esotérica e espiritualista como são os Ritos denominados Misraim e Memphis.

Graus

A maçonaria é composta por Graus Simbólicos e Filosóficos, variando de rito para rito.
A constituição dos três primeiros graus é obrigatória e está prevista nos landmarks da Ordem.
O trabalho realizado nos graus ditos "superiores" ou filosóficos é optativo e de caráter filosófico. Existem diversos sistemas de graus superiores, como o de 33 graus do Rito Escocês Antigo e Aceito, o de 13 graus do Rito de York, o de 33 graus do Rito Adonhiramita, etc.

Dúvidas Frequentes

O que é o Rito?

O Rito é um corpo de normas que regem os trabalhos de uma Loja, quando em reunião regular. Os ritos mais praticados são: Rito Escocês Antigo e Aceite, Rito de York ou Rito de Emulação, Rito Escocês Retificado, Rito Francês, havendo outros. As diferenças entre eles não chegam a ser significantes.

Se a maçonaria não é uma religião, porque nela se usa ritual?

A relação entre ritual e religião é muito freqüente, mas se analisarmos o assunto vamos notar que os rituais são uma parte de nós que pouco notamos. Ritual é simplesmente a maneira como algumas coisas são feitas, uma espécie de procedimento padrão para impor ordem e disciplina aos trabalhos. Uma reunião de condôminos obedece a uma ordem determinada, da mesma forma que uma reunião de pais e professores num colégio. Sem essa seqüência de atos a serem vencidos, temos a indisciplina e a perda de tempo. O resultado será sempre questionável. Há rituais sociais ou convenções que nos dizem como participar de uma conversação, esperando por uma pausa, como enfrentar uma fila, com paciência, sem empurrar ou tentar passar à frente com algum tipo de artifício. A Maçonaria usa um ritual porque é um modo efetivo para ensinar idéias importantes. Além disso, o ritual Maçônico é muito rico e muito antigo, remontando aos primórdios de sua criação.

O que e como se aprende ao se entrar para a Maçonaria?

Os maçons aprendem os seus preceitos em reuniões, que seguem liturgias, herdadas dos usos e costumes dos antigos (medievais) construtores de catedrais, utilizando como meio de transmissão dos seus ensinamentos os símbolos e as alegorias dos antigos pedreiros.
Entre outras coisas, nas Lojas maçônicas aprende-se a amar a pátria em que se vive, a se submeter às leis e às autoridades legalmente constituídas e considerar o trabalho como um dever essencial ao ser humano.
A Maçonaria ensina e pratica os princípios e os ideais da decência, honestidade, gentileza, honradez, compreensão e afeto.

O que é um Templo Maçônico?

Templo é o local onde se realizam as reuniões regulares das Lojas Maçônicas. Essas reuniões, nos seus primórdios, não eram feitas em local específico. A partir de construção do Freemason's Hall, na Inglaterra, em 1776, as reuniões ganharam um local fixo. Muitas Lojas, em função do tamanho de seu quadro, utilizam as instalações ou templos de outras lojas.

Racismo ou Elitismo

Quanto ao racismo a Maçonaria estabelece explicitamente a igualdade entre os homens sem considerar raça, credo ou cor.
Se considerarmos que apenas são convidados a participar da Maçonaria homens virtuosos e representantes da sociedade, pode-se dizer que ela é uma elite, embora o correto seja afirmar que ela impõe critérios rigorosos para a iniciação de um novo membro. Costuma-se dizer o que no homem comum é uma virtude, no maçom é uma obrigação.
Como se depreende, os critérios de seleção não se baseiam em valores materiais. A Maçonaria congrega uma ampla faixa de pessoas: profissionais liberais, comerciantes, professores, artistas, políticos, trabalhadores especializados, bancários, banqueiros, militares, empresários, etc.. Perante a Maçonaria são todos iguais.

Liderança da Maçonaria

A Maçonaria não tem um chefe propriamente dito, mas cada Grande Loja é presidida por um oficial denominado Grão Mestre, eleito periodicamente pelo povo maçônico da jurisdição da própria Grande Loja. Dentro da jurisdição da sua Grande Loja, o Grão Mestre é a autoridade máxima.

Desligamento

Diz-se que uma vez iniciado na maçonaria, jamais poderá sair. Isso não é verdade, não há tal impedimento. Desejando afastar-se da Maçonaria, basta que o maçom requeira o seu afastamento à Loja, pois isso é um direito seu. A Maçonaria preza a liberdade dos seus membros e defende-a tanto quanto luta para preservar a liberdade dos cidadãos em geral.

A Religião

A Maçonaria não é uma religião, mas defende a existência de um Ser Supremo ou Princípio Criador. Uma religião é muito mais complexa, implicando em detalhes como a existência de um plano para salvação ou caminho pelo qual se alcança uma recompensa depois da vida terrena. Implica também numa teologia que tenta descrever a natureza de Deus e divulga a descrição de modos ou práticas pelos quais um homem ou uma mulher podem buscar comunicar-se com Ele. A Maçonaria não faz nenhuma dessas coisas. Apenas abre e fecha os seus trabalhos com uma oração e ensina que nenhum homem deveria começar qualquer empresa importante sem antes buscar apoio espiritual em Deus. Apesar disso, não ensina aos homens como eles devem rezar ou o que devem pedir. Ao invés disso, prega que cada um tem que achar as suas respostas para as suas grandes perguntas na sua própria fé, na sua igreja, sinagoga ou templo religioso.

Quais são as exigências para se tornar Maçom?

É necessário que o candidato prima pela moral e pelos bons costumes. Deve ter uma profissão definida que lhe garanta a subsistência.

Como se faz para se tornar Maçom?

É preciso que o candidato seja indicado por um Mestre Maçom e tenha a sua Iniciação aprovada pela Loja. Ninguém se inscreve para ser maçom. Por suas qualidades, ele é notado por um maçom que o indica para a sua Loja. Todo um processo de admissão é desenvolvido, quando o candidato é ouvido, bem como a sua familia. Nesta fase, são prestadas informações preliminares sobre a Ordem Maçônica, seus objetivos e atividades.

Um religioso pode ser Maçom ?

Nada impede que um religioso seja aceite como maçom. O que jamais se verá, no entanto, é um ateu ser recebido na Maçonaria regular, pois um dos princípios básicos para a admissão na Ordem é a crença num Ser Supremo.

Os Maçons são anti-católicos?

Nada existe a esse respeito nas tradições e rituais maçônicos. Saliente-se que cada maçom possui as suas próprias convicções religiosas e todos convivem fraternalmente nas reuniões das suas Lojas e fora delas. A Maçonaria combate o sectarismo religioso em qualquer das suas manifestações e respeita a crença e a profissão religiosa dos seus membros.

Os rituais Maçônicos criam embaraços ao Candidato?

Os rituais em geral e os utilizados na Cerimônia de Iniciação foram escritos para sublinhar virtudes que deverão ser desenvolvidas pelos candidatos, tais como Justiça, Amor Fraternal, Temperança, Caridade, Solidariedade, etc.. Atualmente use-se nos rituais uma linguagem erudita e ricamente ilustrada por simbolismo. Em nenhum momento são criadas situações que possam embaraçar ou desagradar os candidatos, ou que poderiam violar as suas convicções patrióticas, crença religiosa ou familiar.

A Maçonaria é uma Sociedade Secreta?

Sociedades secretas geralmente são definidas como organizações desconhecidas do público e a sua existência seja escondida.
A Maçonaria, por outro lado, é bem conhecida e orgulha-se de demonstrar a sua existência. Os seus Templos e as suas Lojas são facilmente identificados e muitos deles figuram nas listas telefônicas. Muitos de seus membros costumam usar anéis, distintivos de lapela, alfinetes de gravata que os identificam como maçons. Freqüentemente os maçons participam ativamente junto da sua comunidade em trabalhos assistenciais. Finalmente, algumas atividades maçônicas são abertas e acessíveis ao público.

A Maçonaria não é apenas um Clube de Negócios?

Não. Dificilmente seria aprovado um candidato que quisesse entrar para a Maçonaria apenas por interesses comerciais. De qualquer forma, com o decorrer do tempo, os maçons vão criando grandes amizades uns com os outros, e não se deve estranhar quando algum negócio seja feito entre eles.

Ritos mais praticados no Brasil
Rito Adonhiramita
Rito Brasileiro
Rito Escocês Antigo e Aceito
Rito Moderno
Rito Schröeder
Rito York

terça-feira, 16 de junho de 2009

Arthur Edward Waite



Arthur Edward Waite (1857-1942) foi um ocultista co-criador do Tarot "Rider-Waite", membro da Hermetic Order of the Golden Dawn e da Societas Rosicruciana in Anglia.







Vida e Obra

Nasceu na América, mas foi criado na Inglaterra, A.E. Waite ingressou na Hermetic Order of the Golden Dawn em 1891 e também entrou na Societas Rosicruciana in Anglia em 1902. Quando se tornou Grande Mestre da Ordem em 1903, mudando seu nome para Holy Order the Golden Dawn (Sagrada Ordem da Aurora Dourada) (ou possivelmente o Rito Independente e Retificado da Golden Dawn), muitos membros rejeitaram seu foco no misticismo sobre o magia e o grupo rival, Stella Matutina (Estrela da Manhã), se separou sob a incitação do poeta William Butler Yeats. A Golden Dawn foi rachada pelas rixas internas até a partida de Waite em 1914; um ano depois dele ter formado a Fellowship of the Rosy Cross. Naquele tempo havia uma meia-dúzia de ramificações da Golden Dawn original e como um todo ela nunca se recuperou.
Waite foi um prolífico escritor de textos ocultistas sobre assuntos tais como divinação, Rosacrucianismo, Maçonaria, "magia negra" e cerimonial, Qabalah e Alquimia; ele também traduziu e repblicou muitos trabalhos místicos e alquímicos importantes. Suas obras sobre o Santo Graal foram particularmente notáveis, elas foram influenciadas por sua amizade com Arthur Machen. Alguns de seus livros ainda se mantém em catálogo, como o "Book of Ceremonial Magic", "The Holy Kabbalah" e "New Encyclopedia of Freemasonry". Waite é mundialmente conhecido como um dos criadores do popular tarot chamado "Rider Waite", junto com o livro que o acompanha intitulado "Chave Pictográfica para o Tarot". este foi um dos primeiros decks a ilustrar completamente os 78 arcanos e não apenas os 22 Arcanos Maiores. Outra membro da Golden Dawn, Pamela Colman Smith, ilustrou os arcanos, e o tarot foi publicado em 1910.

Relação de Crowley com Waite
Quando Aleister Crowley ficou interessado no Ocultismo, seu primeiro livro estudado foi o Book of Black Magic and Pacts (Livro da Magia negra e dos Pactos), de Waite. Crowley escreveu para o autor pedindo concelhos sobre o que estudar, e Waite mandou que Crowley lesse A Nuvem sobre o Santuário, de Karl Von Eckartshausen, que o marcou profundamente. Na verdade a intenção de Waite era direcionar Crowley para Golden Dawn.

A.E. Waite mais velho
Muitos anos depois, após Crowley e Waite terem sido colegas na Golden Dawn, Crowley sujeitou Waite a numerosas críticas no The Equinox, muitas vezes com a pretensão fictícia de que Waite seria um "discípulo" de Crowley. Ele até mesmo publicou uma nota de óbito para Waite, mesmo com ele ainda vivo.
Quando escreveu suas memórias na década de 20, Crowley chamou Waite de "O único sobrevivente da Golden Dawn que ainda fingia levar o negócio adiante, apesar de ter substituído os rituais pomposos e bombásticos dos neófitos, fazendo com que o último fulgor de interesse fosse perdido para sempre".
Análise de trabalhos de Waite no The Equinox
A Book of Mystery and Vision
Wisdom While You Waite
Arthur in the Area Again!
Waite's Wet
Dead Weight

Goetia

Goetia (Latim da Idade Média), do Grego γοητεία (goēteia - "feitiçaria"). Refere-se à prática de Invocação de Anjos ou a Evocação de Demônios descritos no grimório do séc. 17, The Lesser Key of Solomon (A Chave Menor de Salomão) que retrata a Ars Goetia em sua primeira seção. O texto que se segue refere-se a algum espírito ou elemento deste sistema de magia, no entanto, é altamente recomendável que iniciantes leiam o artigo raiz, onde a definição de Goetia pode ser encontrada.

A Goécia ou Ars Goetia (latim, provavelmente: "A Arte de Uivar"), geralmente chamado simplesmente de Goetia, é a primeira parte do grimório "Lemegeton Clavicula Salomonis", do século XVII, ou As Clavículas de Salomão. A maior parte do texto apareceu antes, alguns textos datam do século XIV ou antes.

O Sistema
A Goetia basicamente trata-se de um sistema de evocação multipropósito. O livro é dividido em três partes, a saber:
A descrição dos 72 Espíritos e seus respectivos selos,
uma descrição dos principais materiais usados na evocação e por fim
as conjurações a serem usadas para chamar-se o espírito.
Para maior entendimento do sistema, daremos aqui um breve resumo de seu funcionamento.

Primeiros Passos
A primeira coisa a se fazer é escolher com qual espírito irá se trabalhar. Este momento é de suma importância e dele dependerá o sucesso ou não da envocação – uma forte motivação e um grande envolvimento emocional são de grande ajuda neste momento. Para uma escolha sensata, o melhor a se fazer é ler a descrição de cada um dos 72 espíritos para encontrar o que melhor se encaixa (em personalidade e poder) com suas necessidades.
O sistema de evocação em si não guarda grandes segredos. Seus elementos poderiam ser reduzidos a um mínimo composto por:
Baqueta – Ferramenta da vontade manifesta do magista
Círculo – Onde ficará o adepto protegido de qualquer influência externa.
Triângulo – É o local destinado a manifestação do espírito invocado, que lá estará contido e sob as ordens do mago.
Selo do Espírito – Cada um dos 72 espíritos possui seu próprio selo, que será disposto no triângulo para a conjuração.
Hexagrama de Salomão e Pentagrama de Salomão – Usados na proteção do mago.
Disco de Salomão - Usado em casos de emergência.

Segunda Parte
A segunda parte do livro contém descrições mais detalhadas sobre cada uma estas ferramentas, bem como a de acessórios opcionais que em sua maioria trarão maior eficiência ao rito.
Inicia-se então os preparativos para a evocação. Certifique-se de que não será interrompido, tire o telefone do gancho, desligue a campainha. . Comece colocando o Selo do espírito no triângulo e entrando no círculo. O próximo passo é a realização de um ritual de banimento (como o Ritual Menor do Pentagrama) seguido da Conjuração Preliminar do Inascido.
Chega-se a hora das Conjurações, começando pela Conjuração Preliminar do Não-Nascido. O uso das invocações tais como seguem na terceira parte do livro é geralmente usada simplesmente pela força que causa na psique do mago e pelo seu sucesso já provado em diversas ocasiões. No entanto, mais importante do que seguir um roteiro é envolver-se mental e emocionalmente com o texto.
Algumas pessoas gostam de reescrever as conjurações de modo a torná-las mais pessoais.
As Conjurações devem ser feitas até que se sinta a presença do espírito invocado, isto pode ser notado por uma sensação visual do quarto encher-se de neblina, queda súbita de temperatura, sensação de formigamento no corpo, simples premonição, etc...
Com a chegada do espírito às ordens podem ser então dadas à eles. Se for de seu desejo ver o espírito, na maioria das vezes terá que ordenar que ele apareça.
Quando digo “ver” quero dizer as diversas formas de manifestação sensória de um espírito: ele pode realmente se tornar visível, pode tremular em uma imagem, surgir e desaparecer como um vulto na área do triangulo, pode manifestar-se psiquicamente, aparecendo com detalhes na “tela mental”, entre outros...
Os comandos para o espírito conjurado devem ser obrigatoriamente expressos nas próprias palavras do adepto. As ordens ao espírito deveriam ser claras, e talvez algumas restrições deveriam ser impostas, como não ferir amigos e familiares, e quem sabe um prazo para que seus pedidos sejam compridos.
Existem duas formas basicamente de se barganhar com um espírito de Goétia. Pedindo, ameaçando-o ou recompensando-o. Na maioria das vezes o espírito pode aceitar ou negar um pedido seu e não exigir nada em troca. Alguns deles no entanto parecem ter uma certa tendência para a negociação. Se for necessário ameaçasse um espírito dizendo que seu selo será destruído.
Recompensa-os com a criação de uma nova cópia do sigilo (seja ela um trabalho artístico, um grafite ou o que quer que seja.), embora em casos mais complicados sacrifícios mais ousados sejam pedidos. Será comum você “ouvir” o espírito lhe oferecer mais do que você realmente pediu tentando persuadi-lo a desejar outras coisas. Permaneça firme em sua vontade inicial ou acabará fechando contratos dos quais vai se arrepender depois. Na negociação não é necessário ser estúpido como os magos medievais, muitos dos espíritos são razoáveis e amigáveis, seja flexível, mas mantenha-se sempre no controle.
Feito isso pode se dar a licença para o espírito partir. Use a versão fornecida pelo livro ou reescreva-a em uma forma mais pessoal. A licença deverá ser declarada até não se sentir mais a presença do espírito. Finalmente execute novamente o ritual de banimento. Recolha todos os acessórios e o selo que agora está “ativado”, deverá ser guardado em um lugar seguro, longe de mãos e olhos profanos.
Agora simplesmente aguarde o espírito cumprir sua missão. Durante este período esteja pronto para manifestações como o aparecimento dos espíritos em sonhos, a visão de vultos, ouvir o seu próprio nome falado alto em uma hora perdida do dia, sensações de arrepio e formigamento e inclusive a sensação do toque além de casos raros de poltergaist.
O sucesso é uma pratica freqüente neste sistema, mas em caso de falha temos duas alternativas. Podemos simplesmente esquecer o ocorrido e continuar nossas vidas, ou podemos dar um ultimato ao espírito. Para isso conjure o espírito mais uma vez e ordene que complete sua missão em um numero certo de dias sob a pena de ter seu selo torturado e/ou destruído. Na maioria das vezes isso bastará para fazer-lo cumprir seu dever. Esta é a base da prática Goetica. O sistema se revelará especialmente eficiente para aqueles que buscam poder, hedonismo e prazeres materiais. Na verdade asconseqüências podem ser similares a que se tem com o jogo ou com certas drogas no tocante de que tenderá cada vez com mais freqüências buscar poder e prazer com os espíritos. Se você acredita que corre o risco de perder o controle com a sensação de poder, este sistema não é para você.

Demônios Goéticos
Os Demônios Goéticos são os 72 espíritos apontados nos três versículos do Pentateuco.
Estes são espíritos Goéticos, de uma outra ordem; são entidades muitíssimo primitivas, e que foram adoradas durante os primórdios da humanidade. São deuses esquecidos que se tornaram demônios após a influencia cristã, mas isto é uma hipótese, a experiência demonstrará a verdade. Coincidentemente 72 pode ser o resultado da soma 66+6.
De qualquer forma estes são os 72 reis e príncipes poderosos que, conforme conta o mito, o Rei Shlomo (Rei Salomão) encerrou em uma arca do bronze junto com suas respectivas legiões. Dentre eles BELIAL, BILETH, ASMODAY e GAAPeram os principais. Devemos notar que Shlomo parace ter feito isso por puro orgulho, uma vez que nunca declarou as razões de ser impelido a agir assim.
Sendo que estes quatro grandes reis são geralmente chamados de Oriens, ou Uriens, Paymon ou Paymonia, Ariton ou Egyn e Amaymon ou Amaimon. Pelos rabinos são conhecidos sob os nomes de: Samael, Azazel, Azael e Mahazael.
Tendo-os aprisionado selou a sua Arca, que através da potencia divina foi encerrada numa gruta ou poço na antiga Babilônia. Passado algum tempo alguns babilônicos desavisados encontraram a Arca e quiseram abrí-la, imaginando que esta estivesse repleta de tesouros. Quando conseguiram os espíritos principais imediatamente fugiram com suas respectivas legiões, exceto BELIAL, que entrou em uma imagem e proferiu oráculos, sendo a partir de então adorado com ritos e sacrifícios sangrentos, como uma divindade.

domingo, 14 de junho de 2009

Israel Regardie

Israel Regardie (Francis Israel Regudy) (nascido em 17 de novembro de 1907 em Londres, Inglaterra, morto em 10 de março de 1985 em Sedona, Arizona) foi um dos mais significativos ocultistas do século XX e um renovador da literatura oculta.


Israel Regardie nasceu em Londres de pais judeus imigrantes pobreso. Sua famiília mudou de sobrenome para "Regardie" após uma confusão clerical resultada no envolvimento do irmão de Israel com o Exército Britânico sob esse sobrenome.
Regardie emigrou para os Estados Unidos aos 14 anos de idade, e estudou arte em Washington, DC e Filadélfia, PA. Com um tutor hebreu ele obteu o conhecimento linguístico que provaria ser inestimável em seus estudos posteriores de [{Qabalah]] hermética.
Com fácil acesso à biblioteca do Congresso, ele leu muito e tornou-se interessado na teosofia, filosofia hindu e yoga; também juntou-se aos rosa-cruzes nesta época.[3] Após ler a Parte I do Magick (O Livro Quatro) pelo ocultista Aleister Crowley, iniciou uma correspondência que levaria ao seu retorno aos 21 para a Inglaterra por convite de Crowley, para tornar-se secretário em 1928. Os dois dividiram sua compania até 1932.
Em 1934, entrou para a Stella Matutina, uma organização "sucessora" da Ordem Hermética da Aurora Dourada. Quando o grupo dissolveu, Regardie adquiriu a pilha de documentos da Ordem e compilou o livro "A Golden Dawn", que deu-lhe a inimizade de outros membros antigos e a reputação de ser um quebrador de juramentos por causa da informação revelada. No entanto, o livro transformou o trabalho da Ordem em um ramo inteiro da Tradição Ocultista Ocidental.
As Regardie observed in his A Garden of Pomegranates, "...it is essential that the whole system should be publicly exhibited so that it may not be lost to mankind. For it is the heritage of every man and woman--their spiritual birthright." The various occult organizations claiming descent from the original Golden Dawn and the systems of magic practiced by them owe their continuing existence and popularity to Regardie's work.
In 1937, at the age of 30, Regardie returned to the U.S., entering Chiropractic College in New York. In addition, he studied psychoanalysis with Dr. E. Clegg and Dr. J. L. Bendit, and psychotherapy with Dr. Nandor Fodor. He opened a chiropractic office and taught psychiatry -- Freudian, Reichian and Jungian -- retiring in 1981 at the age of 74, when he moved to Sedona, AZ.
He died from a heart attack in the presence of close friends during a dinner at a restaurant in Sedona, Arizona on March 10, 1985 at the age of 77.


Obras publicadas

A Garden of Pomegranates
A Árvore da Vida
My Rosicrucian Adventure
A Arte da Verdadeira Cura
O Pilar do Meio
The Philosopher's Stone
The Romance of Metaphysics
The Art and Meaning of Magic
Be Yourself, the Art of Relaxation
New Wings for Daedalus
Twelve Steps to Spiritual Enlightenment
The Eye in the Triangle
Roll Away the Stone
The Legend of Aleister Crowley (with P.R. Stephenson)

Samuel Liddell Mac Gregor Mathers

Samuel Liddell Mathers ou, Mac Gregor Mathers
Autor: Dr. William Wynn Westcott Tradução e notas: Fr. Goya (Anderson Rosa)
"A história completa e verdadeira de qualquer Adepto só poderia ser escrita pelo próprio Adepto, e ainda assim, se a expusesse ante a vista do público em geral, quantas pessoas dariam crédito?"
S.L. Mac Gregor Mathers - "A Magia Sagrada de Abramelin o Mago" (introdução)
Filho de William M. Mathers e Miss Collins. Nasceu em 08 de Janeiro de 1854 e no nº11 da Rua De Beauvior Place, Hackney. Seu pai morreu mu ito cedo e ele viveu com sua mãe viúva em Bournemouth até a morte da mesma em 1885.
Em 1877, Mathers foi iniciado na maçonaria, na Loja Hengist Nº195 de Bournemouth. Foi apadrinhado por E.L.V. Rebbeck, um conhecido agente de propriedades. Mathers progrediu através dos graus de Aprendiz, Companheiro e finalmente Mestre Maçon; o conseguiu em menos de 18 meses, ainda que nunca tenha chegado a ser um Mestre de Loja Maçon (grau mencionado na coleção do Cônsul Francês Lemanceau). Em 1882, Mathers renunciou à Loja.
Mathers logo foi apresentado ao Dr. Wynn Westcott e ao Dr. William Woodman. Ambos eram maçons de alto grau, e Woodman era além disso Magus da S.R.I.A.1.. A história diz que foram Westcott e Woodman que apresentaram a Mathers a S.R.I.A.. A foi e é uma Sociedade Rosacruciana aberta somente a Mestres Maçons (não confundir a S.R.I.A. em Londres com a atual S.R.I.A. nos Estados Unidos).
Durante esse período, Mathers também se fez amigo de Fredrick Hockley. Hockley era um metalúrgico, alquimista e intrépido consultor de cristais. Não há dúvidas que Mathers e Hockley fizeram algum trabalho juntos e de que Hockley teve uma influência definitiva sobre Mathers e seus ensinamentos ao referir-se à observação na Visão do Espírito (Mathers logo aperfeiçoaria essa técnica: Viajando na Visão Espiritual com o uso de símbolos específicos e cores ofuscantes, etc.).
Com a ajuda do Dr. William Wynn Westcott, Mathers fez a primeira tradução inglesa da Kabbala Denudata de Knorr Von Rosenroth. Um trabalho que teve inúmeras edições e lhe outorgou uma reconhecida posição no ocultismo.
Após a morte de sua mãe, viu-se em circunstâncias muito pobres e mudou-se para Londres, onde viveu em modestas pensões em Great Percy Street, King´s Cross, disfrutando da hospitalidade do Dr. Westcott por muitos anos. Mathers também fez algo militar. Uniu-se aos Primeiros Voluntários de Infantaria de Hamshire. Traduziu um manual militar do francês para o inglês. Deve fazer-se notar nesse ponto que Mathers ganhava a vida fazendo uma variedade de trabalhos. O ocultismo era sua vida e o dinheiro era um mal necessário para a sobrevivência.
Em 1887, a Kabbala Denudata estava acabada e um trabalho maior estava para começar: o de criar uma Fraternidade para aqueles que estivessem famintos pelo Conhecimento Oculto, que se chamaria Ordem Hermética da Golden Dawn. Foi em 1886 ou 1887 que Mathers recebeu os Manuscritos Cifrados para traduzir. O código era simples e era um código do séc. XV criado pelo Abade Trithemius. A história registra que foi Westcott quem encarregou Mathers de traduzir os manuscritos e usá-los como esqueleto para o que logo se conheceria como as Iniciações da Golden Dawn. Acredita-se que Mathers e Westcott já tinham sido iniciados nos Mistérios Rosacruzes e que os Manuscritos Cifrados eram um método de proteger seu próprio juramento de segredo.
Westcott, Mathers e Woodman integrariam o primeiro corpo diretivo da recém formada Ordem Hermética da Golden Dawn. Os três estavam acostumados a trabalhar juntos, pois também eram o corpo diretivo da S.R.I.A. com Westcott como Magus Supremo.
Muitos ocultistas estão fascinados pelo movimento, a poesia e a efetividade das iniciações da Golden Dawn compiladas e escritas por Mathers. Inclusive William Butler Yeats não pode evitar pegar imagens dos rituais que Mathers compôs.
A tarefa então era admitir sérios estudantes na nova Ordem. Mathers estava muito influenciado pela Dra. Anna Kingsford e seu associado, Edward Maitland. Eles eram os fundadores da Sociedade Hermética e amigos muito próximos de Mathers. Ele absorveu muito de suas crenças de Anna Kingsford e insistiu em que uma dessas crenças fosse incorporada na Golden Dawn; que as mulheres fossem aceitas na Ordem, sobre bases completamente equitativas com os homens. Mathers era insistente neste ponto e até que Woodman e Westcott não aceitassem, não prosseguiria.
Todos concordaram com Mathers e as mulheres foram aceitas na Ordem equitativamente. Mathers e a nova Ordem estavam a ponto de fazer história, história que mudaria o mundo do oculto para sempre. Mathers conheceu sua futura esposa, Mina Bergson, pela primeira vez no Museu Britânico. Ela era companheira de estudos da filha do Sr. Horniman, e uma talentosa artista da Escola de Slade. Encontrava-se no Museu estudando a arte Egípcia.
Dali tiveram um breve compromisso e uniram-se em matrimônio na Igreja Chacombe, próxima de Bandury, pelo reverendo W.A. Ayton, que era um proeminente estudioso do misticismo, investigador de Alquimia e membro de numerosas sociedades ocultas.
Logo após a Ordem operar por um tempo, Mathers percebeu a necessidade de uma Segunda Ordem, ou Ordem -Interna-. Enquanto aparentemente vista do exterior pode ter se assemelhado ao acréscimo de uma Ordem Externa, de fato, sempre houve uma Segunda Ordem Interna, e sob a direção de Mathers sempre esteve aberta aos membros da Golden Dawn. Junto com Moina, e sob a direção dos contatos da Terceira Ordem, a Segunda Ordem foi criada.
Como comentário exterior, podemos ver agora que embora um dos erros que Mathers cometeu na direção da Segunda Ordem foi a admissão de candidatos inaceitáveis. O crescimento do ego de uma pessoa é suficientemente grande enquanto atravessa os graus da Ordem Externa, e se essa pessoa não está estabilizada suficientemente como um bom vinho e se lhe permite ascender demasiado cedo à Segunda Ordem, os resultados podem ser desastrosos. O ego está então completamente incontido e tomando uma corrente muito mais forte que aquela da Ordem Externa. Condutas como a criação de rumores, separações e auto-engrandecimentos são o resultado. Isto é parcialmente o que acontecia na Segunda Ordem da Golden Dawn no final do século, quando a Ordem atravessaria uma desastrosa revolta por Adeptos que quiçá nunca deveriam ter alcançado a Segunda Ordem. Em 1891, Mathers e sua esposa se mudaram para Paris, onde Mathers realizou extensas investigações literárias na Librarie d´Arsenal, uma instituição notável, por sua riqueza em literatura oculta, e no Museu Guimet, de onde derivou muito de seu conhecimento da antiga sabedoria mística oriental.
Mathers também publicou uma tradução para o inglês de um manual militar francês, um Ensaio sobre as Cartas do Tarot, e um volume de Poemas. Durante sua residência em Paris, adotou o mote escocês de -S’Rioghail mo Dhream- (Régia é minha Tribo). Enquanto alguns historiadores acreditam que esse mote era uma reafirmação de sua história anterior escocesa (é o mote do clã MacGregor), é claro ao iniciado nos Mistérios Avançados. A Raça Real é o pequeno número de verdadeiros buscadores dedicados à evolução espiritual da humanidade. A Raça Real é essa augusta linhagem de Mestres iniciados que mantiveram os Mistérios vivos através de toda a antiguidade.
Também declarou sua sucessão ao título Jacobita de Conde de Glen Strae, o qual alegou haver sido outorgado a um ancestral seu pelo Rei James II. Mathers foi conhecido popularmente no distrito de Auteuil como -o inglês louco-.
Em Paris, inicialmente, Mathers e Mina viveram numa pobreza extrema. Sua principal fonte de renda era Annie Horniman, que vivia em Londres, sendo amiga de Moina e membro da Ordem. Foi dois anos após sua mudança para Paris que Mathers estabeleceu um Templo operativo nesta cidade. O Templo foi chamado Ahathor, e se encontra ativo atualmente. Devido a seus meios limitados, Mathers perdeu em Paris muita de sua sua reputação como estudante de boa fé e mestre, e caiu em práticas questionáveis que não foram vistas com bons olhos por alguns alunos antigos.
Mathers também foi vítima da fraude de Madame Horos e seu esposo, dois aventureiros que pouco tempo depois foram processados e convictos em Londres por ofensas abomináveis. Assistido por sua esposa Moina, Mathers obteve em Paris uma noteriedade passageira com a intenção de reviver a adoração da deusa egípcia Ísis.
Mathers fez freqüentes viagens a Londres para lidar com assuntos da Ordem. Uma de suas mais dolorosas tarefas fois a suspensão de Annie Horniman em 1896.
Horniman era uma das mulheres mais ricas da Inglaterra. Ela era benfeitora de Mathers, o que lhe permitiu desse modo continuar seu trabalho e investigar para a Ordem. Sem dúvida, não considerando suas necessidades pessoais e consciente de que expulsá-la da Ordem lhe causaria difíceis problemas econômicos, procedeu sem hesitação. Foi demitida da Ordem por intrometimento e geração de desordem em assuntos da organização; um problema comum que deveria ser enfrentado por qualquer bom Chefe de uma Ordem. A mudança de século trouxe tempos duros e difíceis para Mathers. Uma cisão na Segunda Ordem do Ísis-Urânia começou. Há vários motivos dados para a cisão, mas nenhuma razão é válida. Uma das acusações lançadas e freqüentemente citada por aqueles que favoreceram a revolta era que Mathers era um líder autocrático. Nada podia estar mais longe da verdade. Um líder autocrático não outorga a outros uma posição alta ou posto como Mathers fez.
Um líder autocrático quer ter decisão direta sobre tudo. Mathers, ao contrário, mudou-se para Paris e deu orientações a seus Adeptos em Londres, mas lhes outorgou o poder de liderança. Foi apenas após constantes abusos de poder e uma falta geral de respeito pela Tradição, à Ordem e ao Chefe dela, que Mathers escreveu seu famoso manifesto.
Em qualquer caso, os animais agora estavam soltos no zoológico, e em gratidão aos 15 anos de dedicação a sua aprendizagem (virtualmente todos os ensinamentos da Ordem surgiram de Mathers), se separaram e começaram sua própria corrente e Ordem.
Em 1903, Aleister Crowley, que então acreditava ser o -Menino Dourado-, por assim dizer, e o novo Chefe da Ordem, se separou de Mathers. Seria nos depois, em 1910, que Crowley ofenderia a seu antigo Mestre em vários volumes de uma publicação bienal chamada -The Equinox-. Nesta publicação, Crowley tornou públicos uma grande quantidade de documentos de instrução ritualística que havia recebido sob o juramento de segredo, e este procedimento o levou a ações legais que nunca terminaram satisfatoriamente.
Nessa época, Mathers regressou a Londres e permaneceu ali por dois anos. Não se sabe se Moina esteve com ele nesse período. A razão primeira de seu retorno a Londres era investigação. Sem dúvida, ainda tinha alguns Adeptos leais em Londres. Em 1912, Mathers retorna a Paris. Investigaria e logo brindaria o público com uma tradução aceitável do -Grimório de Armadel-. Mathers também era responsável pela -Chave Maior de Salomão-, quiçá o documento mais importante da Magia Cerimonial.
A Primeira Guerra Mundial chegou e Mathers viveu o suficiente para ver a vitória dos aliados no outono de 1918. Desde então, as coisas se voltaram obscuras. Nos ensinam que Mathers morreu em seu apartamento na Rue Rivera em 20 de novembro de 1918. Depois, Dion Fortune nos diz que Moina lhe informou que ele havia falecido de uma epidemia de gripe nesse ano, mas não se encontrou nenhuma Certidão de Óbito de Mathers, nem sua tumba.
Ainda que Moina possuísse uma Certidão de Óbito, não há registros cartorários.
Mathers foi um ser humano especial que aportou um sentido de dedicação e trabalho intenso aos Mistérios. Acreditava no potencial humano e na possibilidade de o ser humano passar mais além e eventualmente -tornar-se mais que humano-.
Livros e textos de autoria de Mathers
Introdução Prática sobre o Exercício da Campanha de Infantaria 1884 - em Francês
O Tarot: Um Breve Tratado sobre a Leitura das Cartas Em Francês
A Queda de Granada: Um Poema em Seis Partes 1885 - em Francês
A Kabbalah Revelada 1888 - Originalmente em Caldeu, mas ele traduziu a versão do séc. XVII da Kabbala Denudata por Knorr Von Rosenroth, em Latim.
Simbolismo Egípcio Publicado em Paris
O Grimório de Armadel Em Francês
O Tarot, seu Significado Oculto e Métodos de Jogo 1888
A Chave do Rei Salomão: Clavícula Salomonis 1889 - em Hebraico
A Magia Sagrada de Abramelin o Mago 1896 - em Francês
Magia Ritual de Projeção Astral e Alquimia Escritos Originais da Golden Dawn - Volume I

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Eliphas Levi Zahed - Eliphas Levi

Eliphas Levi Zahed é tradução hebraica de Alphonse Louis Constant, abade francês, nascido no dia 8 de fevereiro de 1810 em Paris. O maior ocultista do século XIX, como muitos o consideram, era filho de um modesto sapateiro, Jean Joseph Constant e de Jeanne-Agnès Beaupurt, de afazeres domésticos. Possuía uma irmã, Paulina-Louise, quatro anos mais velha do que ele. Apesar de mostrar desde menino aptidão para o desenho, seus pais encaminharam-no para o ensinamento religioso.
Foi assim que aos dez anos de idade ingressou na comunidade do presbitério da Igreja de Saint-Louis em L´lle, onde aprendeu o catecismo sob a direção do abade Hubault selecionava os garotos mais inteligentes, que demonstravam alguma inclinação para a carreira eclesiástica. Desse modo, Eliphas foi encaminhado por ele ao seminário de Saint-Nicolas du Chardonnet, para concluir seus estudos preparatórios(1). A vida familiar cessou para ele a partir desse momento. No seminário, teve a oportunidade de aprofundar-se nos estudos lingüisticos e aos dezoito anos já era capaz de ler a bíblia em seu texto original.
Em 1830, foi transferido para o seminário de Issy para cursar Filosofia. Dois anos mais tarde, ingressou em Saint-Sulpice para estudar Teologia. Foi em Issy que escreveu seu primeiro drama bíblico, intitulado Nemrod; no grande seminário de Saint-Sulpice criou seus primeiros poemas religiosos, dotados de uma grande beleza.
Após seu curso de Teologia, Eliphas ingressou nas ordens maiores, sendo ordenado sub-diácono e encarregado de ministrar o catecismo para meninas. "Esse ministério, diz Eliphas, tão poético e tão suave, foi para mim muito agradável; parecia-me que eu era um anjo de Deus, enviado a essas crianças para iniciá-las na sabedoria e na virtude; as palavras tornavam-se abundantes para elas em meus lábios, pois meu coração estava repleto e tinha necessidade de expandir-se(2)".
Nosso jovem Alphonse são tardou a sentir o despertar em seu interior da força de sua juventude asceticamente reprimida desde a adolescência. Um dia, quando estava ensinando o catecismo às meninas, alguém chamou-o à sacristia. Era uma senhora, com uma jovem pálida e tímida, que pediu a Eliphas que a preparasse para a primeira comunhão. Outros padres tinham recusado por ser ela pobre e a filha doente e tímida. Eliphas não só aceitou a tarefa, como prometeu tratá-la como filha. A menina, que se chamava Adele Allenbach, de uma beleza pura e cândida, pareceu a Eliphas ser a imagem da própria Virgem Maria. Essa beleza juvenil correspondeu para ele a uma "iniciação a vida", pois amou-a ternamente como se fosse uma deusa.
Eliphas Levi foi ordenado diácono em 19 de dezembro de 1835; em maio de l836 teria sido ordenado sacerdote se não tivesse confessado a seu superior o amor que devotava à jovem. Suas convicções religiosas receberam um choque tão grande, que Eliphas sentiu-se jogado fora da carreira eclesiástica.
Após 15 anos de estudos, Eliphas deixou o grande seminário para ingressar no mundo, tinha então vinte e seis anos de idade. Sua mãe, ao saber disso, suicidou-se. Abalado, sem experiência do mundo, teve muitas dificuldades para encontrar um emprego. Essa dificuldade aumentava ainda mais pelo boato que correu, segundo o qual teria sido expulso do seminário. Após ter percorrido o interior da França, trabalhando em um circo, Eliphas encontrou em Paris alguns trabalhos como pintor e jornalista. Fundou, com seu amigo Henri-Alphonse Esquirros(3), uma revista denominada "As Belas Mulheres de Paris", na qual aplicava-se como desenhista e pintor e Esquirros como redator.
Mas, apesar desse pequeno parêntese em sua vida, Eliphas não tinha perdido sua inclinação para a vida religiosa. Despedindo-se de Esquirros, partiu em 1839 para o convento de Solesmes, dirigido por um abade rebelde. Eliphas aí encontrou uma biblioteca com mais de 20.000 volumes, iniciando-se na leitura dos antigos Padres da Igreja, dos Gnósticos e de alguns livros ocultistas, principalmente os da Senhora Guyon: "A vida e os escritos dessa mulher sublime, diz-nos Eliphas, abriram-me as portas de inúmeros mistérios que ainda não tinha podido penetrar; a doutrina do puro amor e da obediência passiva de Deus desgostaram-me inteiramente da idéia do inferno e do livre arbítrio; vi Deus como o ser único, no qual deveria absorver-se toda personalidade humana. Vi desvanecer o fantasma do mal e bradei: um crime não pode ser punido eternamente; o mal seria Deus se fosse infinito!"(4).
Eliphas vislumbrou, através do Spiridion e de outros escritos dessa autora, o reino futuro do Espírito Santo, o trabalho do homem de amanhã. O Cântico dos Cânticos lhe foi revelado; compreendeu por que em teologia a esposa tinha preferência em relação a mãe. Ficou imensamente feliz ao compreender que todos os homens poderiam ser salvos.
Partiu de Solesmes sem dinheiro, sem roupas, mas com uma profunda paz no coração. Não acreditava mais no inferno!(5).
Eliphas Levi passou, então, de emprego em emprego, sempre perseguido pelo clero que via nele um apóstata. Foi então que escreveu sua Bíblia da liberdade, desejando dividir com seus irmãos as alegrias de suas descobertas (1841). Essa publicação custou-lhe oito meses de prisão e 300 francos de multa! Foi acusado de profanar o santuário da religião, de atentar contra as bases da sociedade, de propagar o ódio e a insubordinação.
Foi mais ou menos por essa época que conheceu os escritos de Swedenborg. Segundo Eliphas, tais escritos não contêm toda a verdade, mas conduzem o neófito com segurança na senda.
Saindo da prisão, realizava pequenos trabalhos, principalmente pintura de quadros e murais de igrejas e colaborações jornalísticas. Apesar dos contratempos materiais, não deixou jamais de aperfeiçoar seus conhecimentos e enriquecer sua erudição. Foi após Swedenborg que encontrou os grandes magos da Idade Média, que o lançaram definitivamente no Adeptado: Guillaume Postel, Raymond Lulle, Henry Corneille Agrippa. Assim em 1845, aos trinta e cinco anos de idade, escreveu sua primeira obra ocultista, intitulada O livro das Lágrimas ou o Cristo Consolador.
Em 13 de julho de 1846 casou-se com Marie Noémi Cadiot, matrimônio que durou sete anos. Esse casamento foi para ele um suplício. Instigado pela mulher, lançou-se a escrever panfletos políticos, resultando-lhe um segundo período de cárcere. Em 3 de fevereiro de 1847, foi condenado a um ano de prisão e ao pagamento de mil francos de multa, acusado de levar o povo ao ódio e ao desprezo do governo imperial. Sua mulher, grávida, percorreu os mistérios a fim de obter a redução da pena imposta a seu marido, o que conseguiu após seis meses.
Em 1847, sua esposa deu à luz uma menina, que faleceu em 1854, para desespero de seu pai, que a adorava. Era uma criança muito doente e esteve várias vezes à morte. "Um dia, diz o Mestre, trouxeram-me essa pobre criança agonizante, porque não ouso dizer morta, por uma estúpida mulher que Noemi, incapaz de ser mãe, tinha admitido como ama-de-leite. A criança estava fria; o coração e o pulso não batiam mais. Noemi, que não soube cuidar dela como devia, estava furiosa, dizendo que mataria o filho da ama-de-leite (que mulher eu tinha, grande Deus!). Para apaziguá-la, jurei-lhe que a menina não estava morta. Transportei o pobre corpo para a cama e coloquei-o sobre meu peito; assoprei ao mesmo tempo em sua boca e em suas narinas; senti que ela começava a se destorcer. Peguei em seguida um pouco de água morna e bradei: Maria! Si quid est in baptismate catholico regenerationis et vitae, vive christiana! Ego enim te baptizo en nomine Patris et Filii et Spiritus Sancti. Meu amigo, não vos conto um sonho: a criança abriu imediatamente seus grandes olhos azuis espantados e sorriu... Levantei-me precipitadamente com um grande grito de alegria e conduzi-a aos braços de sua mãe, que não podia acreditar no que estava vendo". (6)
A Vontade, a Fé, o poder do Verbo Humano, juntos, operam as maravilhas da Natureza que os profanos denominam milagre...
Em l848, Eliphas Levi fundou um clube político, denominado Clube da Montanha, com fins eleitorais, no qual era presidente; Noemi Constant era a Secretária e Esquirros um dos vice-presidentes. Para sorte dos ocultistas, somente Esquirros foi eleito Deputado para a Assembléia Nacional (1849). Em 1851, Esquirros partiu para o exílio, na Inglaterra, onde escreveu uma série de obras, sendo uma delas de cunho ocultista, apesar de seu título (O Evangelho do Povo). Entre os discípulos de Esquirros contava-se Henri Delaage, Iniciador de Papus, em 1882 na Sociedade dos Filósofos Desconhecidos, entidade que provém de Louis Claude de Saint-Martin. Foi a partir desse episódio que Eliphas Levi abandonou integralmente sua obra social, para dedicar-se exclusivamente ao Ocultismo.
"Na Bíblia da Liberdade, explica-nos Eliphas, saudamos o gênio da revolução, do progresso e do futuro. Na festa de Deus, Assunção da Mulher e Emancipação da Mulher procuramos explicar nossa religião materna. Na Última Encarnação demonstramos o papel do Cristo sobre a terra e saudamos o gênio do Evangelho, marchando à frente do progresso. Agora, nossa obra social está concluída; não pedimos por ela, indulgência nem severidade. Escrevemos o que ditou nossa inteligência e nosso coração"(6).
Sabemos a origem dos estudos ocultistas de Eliphas Levi, mas permanece obscura sua origem iniciática. Sabemos de suas relações de amizade com Hoene Wronski e com Edward Bulwer Lytton. O polonês Wronski, falecido no dia 9 de Agosto de 1853, em Paris, deixou setenta manuscritos catalogados por sua esposa, à Eliphas Levi e outros, os quais foram doados à Biblioteca Nacional de Paris.
Em 1854, um ano após a morte de Wronski, Eliphas viajou à Londres, onde se encontrou com inúmeros ocultistas ingleses, que lhe pediram revelações e prodígios. Longe de querer iniciá-los na magia cerimonial, isolou-se no estudo da Alta Cabala.
Havia um, contudo, Adepto de primeira linha, que se tornou grande amigo de Eliphas Levi: Bulwer Lytton, autor de Zanoni, Os Últimos Dias de Pompéia, A Raça Futura, etc. Os dois Mestres teriam trocado informações iniciáticas dos mais altos interesses para as sociedades ocultistas, das quais certamente eram os chefes. Haveriam inclusive, realizado trabalhos espirituais entre 20 e 26 de julho de 1854, em Londres. As anotações relacionadas com esses eventos foram parar nas mãos de Papus, sendo publicadas, em parte, em um dos números da Revista L´Initiation. Registram três visões, de São João, de Jesus e de Apolônio de Tiana, os quais lhes teriam revelado os mistérios dos Sete Selos do Apocalipse; alguns enigmas do futuro, que desejavam saber; detalhes da Magia Celeste (revelados pelo livro do Rabino Inaz que lhes indicaram onde encontrar), as chaves dos milagres, bem como o sagrado dever de honrar a Coroa, uma vez conquistada.
Retornando a Paris, instalou-se no atelier do pintor e discípulo Desbarrolles, uma vez que estava separado de sua esposa Noemi (fato ocorrido antes de partir para Londres). Desenrolou-se nova etapa em sua vida. Foi a fase do Adeptado. Em 1855 fundou a Revista Filosófica e Religiosa (cujos artigos principais encontram-se em seu livro A Chave dos Grandes Mistérios). Nesse mesmo ano publicou seu Dogma e Ritual da Alta Magia e o poema Calígula, identificado no personagem, o imperador Napoleão III. Foi preso imediatamente. No fundo da prisão escreveu uma réplica, o Anti-Calígula, retratando-se. Foi posto em liberdade.
Em 1859 veio à luz sua História da Magia, formando com A Chave e o Dogma a Trilogia ocultista tida como bíblia por seus discípulos, entre os quais, nessa época, figuravam Desbarrolles, Delaage e Rozier. Os dois últimos vieram a transmitir a Papus e aos demais ocultistas do fim do século XIX o precioso depósito da Tradição, proveniente de Martinez de Pasqually, Willermoz, Saint-Martin e vivificada por Eliphas Levi.
O círculo de amigos de Eliphas Levi era constituído por uma elite de homens de Desejo, que se reuniam na casa de Charles Fauvety. Constavam-se entre os discípulos parisienses, além dos mencionados acima, Louis Lucas (autor de Química Nova), Louis Ménard (tradutor de Hermes Trismegistro), o conde Alexandre Branicki, Littré, Considérant, Reclus, Leroux, Caubet, Eugène Nus, Constantin de Branicki. O Conde Alexandre de Branicki, polonês, amigo pessoal de Bulwer Lytton, era tido como o principal discípulo de Eliphas Levi, "o mais avançado em Cabala"(8).
Mas nem todos os discípulos do Mestre habitavam em Paris, como era o caso do Barão Nicolas-Joseph Spedalieri, nascido em 1812, na Sicília. Iniciado desde os vinte anos na Sociedade dos Martinistas de Nápoles, era leitor assíduo de Louis Claude de Saint-Martin, o Filósofo Desconhecido. Aos trinta anos, fixou residência na França (Marselha). Em 1861, entrou em contato com o autor do Dogma e Ritual de Alta Magia, tornando-se seu discípulo. A correspondência entre Eliphas e Spedalieri, iniciada em 24 de Outubro de 1861, prolongou-se até 14 de Fevereiro de 1874.
Apesar de cultivar relações de amizade com pessoas ricas, que freqüentava, Eliphas levava uma vida bastante simples. Suas regras eram: "uma grande calma de espírito, um asseio com o corpo, uma temperatura sempre igual, de preferência um pouco mais fria do que quente, uma habitação arejada e bem seca, onde nada lembre as necessidades grosseiras da vida, refeições regulares e proporcionais ao apetite, que deverá ficar satisfeito e não excitado. Uma alimentação simples e substanciosa; deixar o trabalho antes do cansaço; fazer um exercício moderado e regulado; jamais aquecer-se ou excitar-se à noite, para que a maior calma preceda o sono. Com uma vida regulada assim, pode-se prevenir todas as doenças, que se apresentam sempre sob a forma de indisposições, fáceis de combater com remédios simples e brandos... uma xícara de vinho quente para o enfraquecimento e o resfriado, alguns copos de hidromel! como purgativo, infusão de borragem(9) e leite para a gripe, muita paciência e alegria farão o resto"(10).
Em agosto de 1862 editou seu livro Fábulas e Símbolos, considerado por ele mesmo como o mais profundo que escreveu. Ao elaborar essa obra, conta-nos Eliphas, o Espírito projetou-se em sua alma, de sorte que via todo o conteúdo do livro na Luz, antes de ser escrito. Toda a obra foi feita de um só fôlego, sem qualquer rasura. As idéias brotavam espontaneamente e coisas simples e belas emergiam da Luz, admirando o próprio autor. "Que a Vontade de Deus seja feita! Exclamou Eliphas. Estou maravilhado e espantado pelas grandes obras que Ele me faz executar. Se soubésseis como meu mérito é pequeno... Sou um verdadeiro cadáver que o Espírito Santo anima".(11)
Suas obras causavam impacto no mundo ocultista da França e do exterior. Recebia visitas de toda espécie: curiosos, ocultistas, estudantes sinceros, aprendizes de feiticeiro ... "Um dia, diz Eliphas, entre três e quatro horas da tarde, ouvi alguém bater a minha porta. Eram sete batidas secas, assim espaçadas: 00-0-00-00. Abri a porta e um rapaz muito bem vestido e de boa apresentação entrou lentamente, rindo, com um ar um pouco sarcástico, dizendo-me em um tom familiar: "meu caro Senhor Constant, estou encantado por encontrá-lo em casa". Tendo dito isso, passou para meu escritório como se estivesse em sua própria casa e sentou-se em minha poltrona.
"Mas Senhor, disse-lhe, não vos conheço"! Ele soltou uma gargalhada: "Sei perfeitamente disso: é a primeira vez que me vedes, pelo menos sob esta forma. Mas eu vos conheço muito bem! Conheço toda vossa vida passada, presente e futura. Ela está regulada pela lei inexorável dos números. Sois o homem do Pentagrama e os anos terminados pelo número cinco sempre vos foram fatais. Olhai para traz e julgai: em 1815 vossa vida moral começou, pois vossas recordações não vão além, em 1825 ingressastes no seminário e entrastes na liberdade de consciência; em 1845 publicastes A Mãe de Deus, vosso primeiro ensaio de síntese religiosa, e rompestes com o clero; em 1855 vós vos tornastes livre, abandonado que fostes por uma mulher que vos absorvia e vos submetia ao binário. Notais que se houvésseis continuado juntos, ela vos teria anulado completamente ou teríeis perdido a razão. Partistes em seguida para a Inglaterra; ora, o que é a Inglaterra? Ela é o Iod da Europa atual; fostes temperar-vos no princípio viril e ativo. Lá vistes Apolônio, triste, barbeado e atormentado como estáveis naquele período. Mas esse Apolônio, que vistes era vós mesmo; ele saiu de vós, entrou em vós e em vós permanece".
"Vós o revereis neste ano de 1865, mais bonito, radioso e triunfante. O fim natural de vossa vida está marcado (salvo acidente) para o ano de 1875(12); mas se não morrerdes neste ano, vivereis até 1885. Apolônio, quando o vistes, temia as pontas das espadas; vós as temeis como ele, pois neste momento, me tomais por um louco. Como um dia alguém quis assassinar-vos(13), perguntais inquietamente se não vou terminar minha extravagante alocução com um gesto semelhante (aqui começou a rir). Sim, sou louco, acrescentou, retomando seu ar sério, mas não sou a loucura morta, sou a loucura viva; ora, a loucura viva é o inverso da sabedoria de Deus. Sabeis vós o que é Deus? Deus sois vós, pois Satã é Deus visto ao contrário.
"Existem atualmente dois grandes escritores, continuou o estranho visitante, que são úteis à Ciência, Mirville e Eliphas Levi. A todo tempo são necessárias duas colunas; vós sois Jakin, ele é Boaz. Sabeis bem que nenhuma força se produz sem resistência, nenhuma luz sem sombra, nenhuma afirmação sem negação". Calou-se por alguns instantes e eu lhe perguntei: - Sois Espírita? Respondeu-me gravemente: "Os espíritas são escorpiões que inoculam um veneno cadavérico sob as pedras tumulares. Atraem os mortos, mas não os ressuscitam. Em breve a terra estará coberta de cadáveres que andam. Estamos em uma época de morte. Louis-Philippe era um Mercúrio sem asas na fronte; ele as tinha nos pés e foi-se. Napoleão III é um Júpiter sem estrela; após ele virá o Saturno coxo e o rei dos padres. O Senhor Conde de Chambord... "O visitante refletiu um instante, olhou-me fixamente e disse de repente: "Por que não quereis ser papa"? Dessa vez fui eu quem soltou uma gargalhada. Respondi-lhe: - Porque não quero ser despropossitado. "Ah! disse-me ele, ainda tendes um véu para rasgar e não conheceis vossa força toda-poderosa, acrescentou, retratando-se. Nós dois já criamos e destruímos muitos mundos e vós não ousais aspirar a governar um. Esperai, então, a derrota, o esmagamento dos tímidos, a cruz desse pobre homem que se chamava Jesus Cristo".
"Mas, finalmente, quem sois vós?", perguntei-lhe, então, levantando-me.
"Vós negastes minha existência, respondeu-me ele; chamo-me Deus. Os imbecis denominam-me Satã. Para o vulgo chamo-me Juliano Capella. Meu envelope humano tem vinte e um anos; ele nasceu em Bordéus; tem pais italianos".
"Enquanto esse rapaz falava, eu sentia um peso extraordinário na cabeça; parecia-me que minha testa iria explodir. Observava meu interlocutor com surpresa. Seu rosto lembrava os retratos de Lord Byron, com menos correções nos traços; possuía as mãos muito brancas e carregadas de anéis, o olhar seguro e crepitante de sarcasmos, a boca vermelha, os dentes regulares". (14)
O curioso visitante partiu e jamais os biógrafos de Eliphas Levi encontraram qualquer traço dele. O ano de 1865, como ele tinha predito, foi triunfal para Eliphas, pois a publicação de sua Ciência dos Espíritos trouxe-lhe enorme reputação entre os ocultistas de seu tempo.
No dia 31 de maio de 1875 faleceu Eliphas Levi. Aqueles que o acompanharam até o último momento testemunharam sua grande coragem e resignação. No momento de expirar, estava bastante calmo. Sua vida tinha sido plena de realizações espirituais. Havia cumprido a missão de iniciado e de iniciador. Acima de seu leito, estava fixado um crucifixo, que olhava seguidamente nos últimos momentos. Disse antes de expirar: "Ele prometeu o Consolador, o Espírito. Agora espero o Espírito, o Espírito Santo". O Mestre faleceu logo em seguida.
Dedicando praticamente todo seu tempo à pesquisa da verdade e ao apostolado perante seus discípulos, Eliphas Levi levou uma vida bastante humilde. Os bens materiais que possuía não passavam de muitos livros e algumas obras de arte, como prova seu testamento, redigido em uma quarta-feira, no dia 26 de maio de 1875, cinco dias antes de sua morte:
"Em nome da Justiça e da Verdade, este é meu testamento:
Lego ao Conde Georges de Mniszech meus manuscritos, livros e instrumentos de ciência, particularmente uma dupla esfera metálica portanto um resumo de todas as ciências.(15)
Desejo que ninguém toque em meus; manuscritos, a não ser o Conde de Mniszech, a condessa sua esposa, o Conde Branicki e a senhora Gustaf Gebhard, que reside na rua Koenigstrasse, 64, em Esberfeld.
Meu amigo Edouard Pascal, que se ocupou de mim com o maior devotamento, escolherá dentre meus livros não científicos e entre meus objetos de arte e de curiosidade o que lhe interessar.
Lego à minha irmã Pauline Bousselet, que sou forçado a deserdar, por causa de meu cunhado, todos os meus quadros e objetos de devoção.
Desejo, ademais, que todas minhas vestes e roupas em geral sejam legadas às irmãs de caridade da rua Saint-Jacques.
O que resta de móveis, curiosidades, tapeçarias, vasos, pratos de cobre, etc., será vendido e o resultado dividido entre as pessoas que se ocuparem de mim até os últimos momentos; não me refiro a mercenários, mas a amigos".
O Conde de Mniszech faleceu em 1885. Os manuscritos de Eliphas Levi foram vendidos e dispersos; mas graças a Stanislas de Guaita foram reencontrados. Cabe salientar que a Condessa de Mniszech era prima da Condessa Keller, esposa de Saint-Yves d´Alveydre, o Mestre intelectual de Papus, fato que certamente facilitou a recuperação dos preciosos manuscritos.
Edouard Pascal ficou também com a espada mágica de Eliphas Levi e com a famosa caderneta de anotações referentes aos trabalhos mágicos de Londres. Em 1894 esses objetos caíram nas mãos de Papus, graças a intercessão de amigos que conheciam a viúva de Pascal.
O Filho de Eliphas Levi que só viu o pai no dia de sua morte, acompanhou-o até a sua última morada.(16) M.A.C. foi visto em 1914 por Chacornac, que ficou admirado com sua extrema semelhança com Eliphas Levi. Era um velho de estatura média, de cabelos brancos e que exalava bondade. Mostrou-lhe sua biblioteca, com quase todas as obras de seu pai, cuidadosamente encadernadas. Presenteou-o com um busto de Eliphas e com um de seus manuscritos, denominado O livro de Hermes. Compunha-se de 294 folhas, com 47 figuras no texto e com 78 lâminas do Tarot, em anexo, desenhadas pelo próprio autor. Em 1919, Chacornac encontrou-se com o neto de Eliphas Levi, filho de M.A.C.
M.A.C. legou em 1914, a amigos de Papus, manuscritos inéditos de Eliphas, e objetos pessoais do Mestre. A Tradição Ocultista continuou através dos discípulos póstumos de Eliphas Levi Zahed. A vida continua depois da vida; o sol parte e vem a noite; mas ele não deixa de renascer no dia seguinte, para aquecer e iluminar todos os recantos da Natureza.

Notas
1-) Eliphas Levi tinha 15 anos de idade. Cf. CONSTANT, A.L. Livre des Larmes ou le Christ Consolateur. Paris, Paulier, 1845, p.214.
2-) Cf. CHARCONAC, P. Eliphas Levi, Rénovateur de I´Occultisme em France. Paris, Charconac Freres, 1926, p.17.
3-) Nasceu em Paris em 1814; foi autor de Magicien (1834), Charlotte Corday (1840), Evangile du Peuple(1840); exilado na Inglaterra em 1851, retornou à França em 1869, após a queda do império. Foi nomeado administrador da região de Bouches-du-Rhone, onde tomou medidas enérgicas do ponto de vista econômico e administrativo. Suspendeu o jornal La Gazette du Midi e dissolveu a congregação dos Jesuítas de Marselha; esses atos foram desfeitos pela administração superior, o que culminou com sua demissão. Foi reeleito deputado para a Assembléia Nacional em 1871. O papel que desempenhou como político à partir desta data, foi sem expressão.
4-) CONSTANT,A.L. L´Assomption de la Femme ou le livre de L´Amour. Paris, Le Gallois, 1841, p. XIX.
5-) CONSTANT, A. L. Op. Cit., p. XXI.
6-) Carta de Eliphas Levi ao Barão Spedalieri, Correspondência, t. IX. Essa correspondência entre os dois ocultistas comporta mais de mil cartas. A presente tradução engloba apenas o tomo I (Citado por CHACORNAC, p. op. cit., p. 108).
7-) CONSTANT,A.L. Le Testament de la Liberté. Paris, Frey,1848, p. 218-9.
8-) ELIPHAS LEVI. Correspondência, tomo I.
9-) Planta de Largas flores azuis, que crescem em regiões temperadas. Suas infusões são sudoríferas, diuréticas e depurativas.
10-) ELIPHAS LEVI. Correspondência, tomo I.
11-) ELIPHAS LEVI. Correspondência, tomo I.
12-) Todas essas observações estão admiravelmente corretas.
13-) Em 1862, com efeito, um alucinado procurou Eliphas Levi durante dezoito meses, para assassina-lo. Um dia ele apareceu com um punhal em uma mão e um exemplar do Dogma e Ritual da Alta Magia em outra. O mestre encarou-o com brandura. Falou-lhe com docilidade e ele foi embora tremendo.
14-) ELIPHAS LEVI, Correspondência, vol. V, citado por CHACORNAC, p. op. cit. p. 242 a 244.
15-) Trata-se do famoso Prognóstico de Wronski, aparelho reencontrado por Eliphas Levi em um antiquário de Paris.
16-) M.A.C. era filho de Eliphas Levi e de Eugene C.. Em 1867, Eliphas quis ocupar-se de seu filho, mas não se entendeu com Eugene. Até sua morte não mais avistou Eugene e o filho. Este, informado por um amigo, conseguiu rever o pai sobre seu leito de morte. Cf. CHARCONAC,P.ELIPHAS LEVI, op.cit.p.192.